Há quase 30 anos o mundo dos videogames era sacudido pelo lançamento do aguardadíssimo sucessor do Famicom/NES, que até então era o maior sucesso que um console de videogame havia alcançado.
Base de uma lendária biblioteca de jogos, o Super Nintendo (ou Super NES) atravessou a década de 1990 e só foi descontinuado no Japão em 2003. Ele venceu a dura concorrência com o Mega Drive, da Sega, e proporcionou games clássicos de vários gêneros.
Filas no Japão, pais frustrados nos Estados Unidos.
Se no Japão o lançamento do Super Famicom quase parou o país, nos Estados Unidos o clima era de expectativa e frustração. Isso porque o fato de que o Super Nintendo não seria compatível com os jogos do Nintendinho 8-bits deixou muitos pais irritados com o risco de gastarem ainda mais dinheiro. Essa situação levou a Nintendo a concentrar esforços para se mostrar uma marca amigável também aos "donos do dinheiro", investindo até em jogos educativos, que levaram à criação do jogo Mario Paint.
O lançamento do Super Nintendo foi muito bem-sucedido nos Estados Unidos, com Super Mario World, F-Zero, Pilotwings, Gradius III e Sim City marcando presença na linha inicial do console.
O SNES tinha um adaptador de Game Boy.
Em 1994, o portátil Game Boy já era um console veterano. Ainda que fosse líder de seu segmento e já contasse com uma boa biblioteca de jogos, sua tela, sem cores e com tempo de resposta lento, permanecia como reclamação constante. De forma a remediar, ao menos em parte, esses problemas e promover tanto o Game Boy quanto o SNES, a Nintendo lançou o Super Game Boy, um cartucho-acessório que rodava os jogos do Game Boy na televisão com uma ajudinha do Super Nintendo.
O papel do console de 16-bits, porém, era apenas o de levar as imagens e sons à TV, uma vez que era o Super Game Boy que fazia todo o trabalho de rodar os jogos, processando o software exatamente como o portátil fazia. Ainda assim, curiosamente, o processador presente no Super Game Boy tinha o relógio ligeiramente mais rápido que o do console portátil, o que gerava algumas inconsistências na taxa de quadros de alguns jogos, deixando-os mais rápidos que o ideal.
De qualquer forma, o Super Game Boy fez um bom trabalho com os jogos do Game Boy, e seu sucesso fez com que a Nintendo lançasse uma segunda edição, o Super Game Boy 2, ainda que apenas no Japão.
Donkey Kong Country revolucionou a era dos 16-bits.
Até o final de 1993, a guerra dos 16-bits, entre o Mega Drive (ou Genesis) e o Super Nintendo seguia acirrada. Ambas as empresas já haviam lançado alguns dos seus melhores jogos para seus respectivos consoles, ao mesmo tempo em que Super Mario e Sonic the Hedgehog disputavam uma briga particular para estabelecer quem era o mascote mais popular entre os jogadores de videogame e o grande público. Mas a Big N tinha um trunfo guardado na manga: a produtora britânica de jogos Rare.
Desde os primeiros games, ainda na década de 1980, até o início dos anos 1990, a Rare evoluiu: passou de mera produtora terceirizada que produzia games de NES para uma parceira da Nintendo. A estreia dessa colaboração foi em grande estilo, com o lançamento de Donkey Kong Country, em 1994. Era um brilhante game de ação e plataforma que trouxe de volta aos holofotes o antigo mascote da Nintendo, Donkey Kong.
O sucesso foi avassalador. O cartucho gerou um frenesi que fez o SNES sumir das prateleiras das lojas. Por outro lado, Sonic & Knuckles, o último título do porco-espinho da Sega, também lançado em 1994, ficou praticamente esquecido enquanto Donkey Kong Country voou para chegar a 9 milhões de unidades vendidas em todo o mundo. A franquia Country ainda ganhou mais duas edições de sucesso para o Super Nintendo, retornando anos depois com jogos para Nintendo Wii e Wii U.
O SNES chegou ao Brasil em 1994.
Após anos de ausência e uma espécie de lançamento "ensaiado" com o Game Boy em 1991 (o portátil foi brevemente distribuído oficialmente pela extinta rede de lojas Mesbla em 1991), os consoles Nintendo enfim desembarcaram no Brasil em 1994. Game Boy, Nintendo e Super Nintendo foram lançados e distribuídos no Brasil pela Playtronic, uma joint-venture entre a Estrela e a Gradiente. Dessa forma, o Super Nintendo chegou ao lares brasileiros cerca de três anos após o lançamento americano, mas o excelente suporte fez a espera valer a pena.
Com o tempo, a Estrela deixou a parceria, e a Gradiente permaneceu sozinha com o suporte dos jogos e consoles Nintendo até 2003.
O videogame era o lar dos RPGs
Ainda que tradicionais séries de RPG como Final Fantasy e Dragon Quest tenham estreado no Nintendo 8-bits, foi no Super Nintendo que tanto esses games como todo gênero dos RPGs japoneses atingiu seu auge. Durante seu ciclo, o Super Nintendo foi a base de pesos-pesados como Final Fantasy III, Dragon Quest VI, Breath of Fire, Chrono Trigger, Super Mario RPG, Earthbound, Secret of Mana, entre outros. Isso sem contar títulos que não deixaram o Japão, como Tales of Phantasia, Live a Live, Fire Emblem: Seisen no Keifu etc.
O lendário chip FX.
Em 1993, a guerra entre Super Nintendo e o Sega Genesis chegava ao seu auge. De um lado, a Sega gastava todos o seus cartuchos na promoção de Sonic e da maior velocidade do processador presente no Genesis, incluindo uma linha de comerciais agressivos que usavam a expressão "blast processing". A Nintendo, por sua vez, contra-atacou com o chip FX, um coprocessador que, acoplado a um cartucho, permitia ao SNES executar e exibir gráficos poligonais. O garoto-propaganda desse recurso foi o jogo Star Fox, que fez bastante sucesso e introduziu o personagem Fox McCloud ao panteão dos principais heróis dos jogos Nintendo.
A sequência parecia certa, ganhando inclusive diversos anúncios em revistas especializadas da época, até que foi misteriosamente cancelado em 1995. A Nintendo então alegou que Star Fox 2 ficaria muito parecido com um novo game da franquia que estava em produção para o Nintendo 64, sucessor do Super Nintendo, e portanto a Big N preferiu focar seus esforços no game para a nova geração. Nos anos seguintes, os fãs da franquia tiveram que se contentar em ROMS de versões inacabadas para poder experimentar, ainda que de modo mambembe, Star Fox 2.
22 anos depois da data de lançamento programada, em 2017, a Nintendo surpreendeu ao anunciar Star Fox 2 como o jogo-bônus presente no Super Nintendo Classic Edition, uma versão miniaturizada do Super Nintendo. Com 21 jogos pré-instalados, o SNES Classic Edition desbloqueava Star Fox 2 assim que jogador vencia a primeira fase do primeiro Star Fox, também presente nesse console. Com sistema de jogo bastante diferente do original, apostando em um esquema de estratégia, com missões dispostas em tabuleiro, Star Fox 2 fazia uso do chip FX 2, uma versão melhorada e mais rápida do chip original, também presente no game Yoshi's Island.
fonte: Uol
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